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30 de jan. de 2008

"Que BOM que VOCÊ veio! Volte sempre!

Texto: "As MARIAS"


A mala está pronta.
Maria Clara, Maria Morena e Maria Escura estão ansiosas para contar suas histórias que enlaçam e entrelaçam nos caminhos da vida.
Crianças, cada uma com suas peculiaridades, suas características.
Muito diferente uma das outras porém, muito amigas.
Amigas como há muito não se vê... AMIGAS como todas as crianças deveriam ser.

22 de jan. de 2008

10 de jan. de 2008

"PIPOCAndo Histórias"

Contar histórias sempre, sempre...
É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens. É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para solucionar questões. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos - dum jeito ou de outro. É a cada vez ir se identificando com as personagens e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas... É ouvindo histórias que se pode SENTIR emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve. Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário!

(Betty Coelho)

E por aí vai se abrindo um enorme leque de EMOÇÕES que carregamos conosco e, que quando liberamos, ficamos LEVES tal e qual um grão de milho que com o calor, pula na panela, deixa de ser Piruá e vira "PIPOCA"

7 de jan. de 2008

1 de jan. de 2008

Contando: "A Descoberta da Joaninha"


A descoberta da joaninha
(Bella Leite Cordeiro)


Dona Joaninha vai a uma festa em casa da lagartixa.Vai ser uma delícia!
Todos os bichinhos foram convidados...Afinal chegou o grande dia.
O dia da festa na casa da Lagartixa.Dona Joaninha está feliz.
Quer ir muito bonita!Por que assim, todo mundo vai querer dançar e conversar com ela!
E ela poderá se divertir a valer!Por isso, colocou uma fita na cabeça, uma faixa na cintura,
muitas pulseirasnos braços e ainda levou um leque para se abanar.
No caminho, encontrou Dona Formiga na porta de do formigueiro e disse:
- Bom dia Dona Formiga! Não vai à festa da lagartixa?
- Não posso minha amiga. Ontem fizemos mudança e eu não tive tempo de me preparar...
- Não tem problema! Tudo bem! Eu posso emprestar a fita que tenho na cabeça e vocêvai ficar linda com ela! Quer???
- Mas que legal Dona Joaninha! Você faria isso por mim?
- Claro que sim! Estou muito enfeitada! Posso dividir com você.
Tirou a fita de sua cabeça e a ofereceu para Dona Formiga que, feliz, decidiu ir à festa.
Lá se foram as duas. A formiga radiante com a fita na cabeça.
Mais adiante, encontraram Dona Aranha na sua teia fazendo renda.
- Oi! Aonde vão as duas tão bonitas?
- À festa da lagartixa! Você não vai???
- Sinto muito! Tive muitas despesas este mês e sem dinheiro não pude me prepararpara a festa.
- Não seja por isso! Disse a Joaninha - Estou muito enfeitada! Posso bem emprestar as minhas pulseiras... Vão ficar lindíssimas em você!
Emprestou suas pulseiras, que ficaram lindas em Dona Aranha.
- Que maravilha! Disse a aranha entusiasmada – Sempre tive vontade de usar pulseiras em meus braços! Dona Joaninha, você é legal demais! Sabia?
As três, radiantes de felicidade, seguiram rumo à festa.
Um pouco adiante, encontraram a Taturana. Como sempre, estava morrendo de calor!
- Oi, Dona Taturana! Como vai?
- Mal! Muito mal com esse calor! Sabe que nem tenho disposição para ir à festa da Lagartixa.
- Ora! Mas para isso dá-se um jeito! Disse a Joaninha muito amável – Posso lhe emprestar o meu leque.
E lá se foi também a Taturana, muito alegre, se abanando com o leque, e encantada com a gentileza da amiga.
Logo depois, deram de cara com a Minhoca. Que tinha colocado a cabeça pra fora da terra para tomar um pouco de ar.
- Dona Minhoca, não vai à festa? Disse a turminha ao passar por ela.
- Não dá, sabe? Eu trabalho demais! Quase não dá tempo pra comprar as coisas de que preciso.. E, agora, estou sem ter uma boa roupa boa pra vestir! Sinto bastante! Porque sei que a festa vai ser muito legal! Mas, que se há de fazer?...
- Ora, Dona Minhoca – Disse a Joaninha com pena dela – Dá-se um jeito... Posso emprestar a minha faixa e com ela você ficará muito elegante!
E emprestou a sua faixa à Minhoca que ficou muito elegante.
E seguiu com as amigas para a festa.
Dona Joaninha estava tão feliz com a alegria das outras, que nem reparou ter dado tudo o que ela havia posto para ficar mais bonita. Mas, a alegria de seu coração aparecia nos olhos, no sorriso, e em tudo o que ela dizia! E isso a fez tão linda, mas tão linda que ninguém, na festa dançou e se divertiu mais do que ela!
Foi então que a Joaninha descobriu que para a gente ficar bonita e se divertir não precisa se enfeitar toda. Basta ter o coração bem alegre que a alegria de dentro deixa a gente bonita por fora. E ela conseguiu essa alegria fazendo todo aquele pessoal ficar feliz!!!










Texto: "Um Natal que não Termina"




Um Natal que não Termina
(Ana Maria Machado – adaptação: Eliana)


Há muitos e muitos anos, na Judéia, vivia um rei muito malvado que se chamava Herodes.
Era tão malvado que fazia maldades à toa. Morria de medo que viesse alguém tomar a sua coroa, o seu poder.
Um dia, lá estava ele no seu palácio, rodeado das delícias que a riqueza lhe oferecia, quando ouviu o soldado anunciar:
- Temos visitas!!! Três sábios estão lá fora e querem entrar majestade. São mais que sábios, são Reis magos, têm poderes encantados! Magos, sábios poderosos, reis de reinos distantes...
O rei Herodes foi logo atender, afinal, são visitas importantes!Na verdade, os visitantes só queriam uma informação:
- Onde está o novo rei que acaba de nascer? Eu trouxe ouro para oferecer!
- Eu trouxe incenso. A estrela do novo rei nos guiou até aqui.
- E eu trouxe perfume. Andamos tanto, viemos de tão longe, para no fim, nos perder!
Essa pergunta causou muita preocupação ao malvado rei.
Herodes não conhecia nenhum rei recém-nascido. Mas bem que poderia ter, afinal,
ele não conhecia todos os bebês do reino! Perguntou aos conselheiros e soube que há muito, muito tempo está escrito que nasceria um rei em Belém de Judá.
Herodes, o rei malvado que também era muito esperto, disse aos magoas do oriente que bem que poderia ter nascido um novo rei em Belém, um lugar ali perto e, ainda pediu um favorzinho: Que na volta lhe dessem o endereço desse novo rei, para que ele também levasse um presentinho.
Mas isso era só conversa, era só pra enganar. Ele queria saber, para depois mandar os seus soldados para matar o menino!
Com muitos agradecimentos, os três reis magos se despediram.
E assim que escureceu, viram novamente a estrela que os guiava pelo caminho.
Seguiram a luz da estrela até que, ela parou bem encima de um curral.
Num monte de palha seca Jesus estava deitado, era um bebê bem pequenininho, tinha uns bichos em volta para esquentar o bebezinho.
A mãe dele era Maria e o pai era José, olhavam por ele com muito carinho.
Os camponeses e os pastores faziam coro com os anjos cantando canções de paz.
Festejando o amor.Mas lá dentro do palácio, estava o malvado rei Herodes, gritando e arrancando os cabelos. Os anjos avisaram aos magos, e eles voltaram ao seu país por outro caminho. Enquanto José, o pai de Jesus, dormia, um anjo veio lhe falar:
- Pega já a tua família e foge para o Egito porque Herodes já deu ordens para matar o menino!José seguiu o conselho e num instante já ia longe, atravessando o deserto. Os soldados procuraram, mas não encontraram. Herodes ficou com muita raiva...
“E se esse menino crescesse para reinar em Belém”?
Então, o rei desalmado deu uma ordem horrível:
- Matem já! Todo o menino menor de dois anos tem que morrer, seja ele quem for!
Foi só depois de algum tempo, depois que Herodes morreu que o anjo apareceu no
sonho de José, dizendo que voltasse para Belém.
E no fim de tantos outros anos, o mundo inteiro foi mudando com a lição que Jesus deu.
Lição de amor e bondade, de paz e boa vontade.
Vale lembrar que nem sempre o bem vence o mal.
Os Herodes da Terra ainda não acabaram.
E, preocupados com dinheiro, poderes...
Volta e meia fazem guerra sem se importar com as crianças.
Mas é seguindo essa lição de amor que Jesus ensinou que poderemos um dia, ainda,
acabar com a fome, com a miséria...
Com os “Herodes” que ainda existem espalhados pelo mundo.
Por isso, até os dias de hoje, é comemorado o Natal de Jesus.



Texto: "Menina Bonita do Laço de Fita"



MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA

(Ana Maria Machado)


Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas.
Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:­
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:­
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até
com os parentes tortos.E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina,
tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda
a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.
Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...

Texto: "Como Nasceu a Alegria"

Aqui estão: O painél já com o sol, o galo incumbido por Deus de todas as manhãs acordar os anjos e os elefantes que são encarregados de regar o grande jardim Terra.As flores "Lindas e Infelizes", a "Florinha da Pétala Partida", a árvore, os passaros...A chuva, o mar, o arco-íris, os peixes grandes e pequenos, os animais de diferentes espécies que bem no comecinho do mundo, viram como a tristeza saiu do choro, do choro surgiu o riso e o riso virou perfume...

"COMO NASCEU A ALEGRIA"
(Rúben Alves)


Você pode não acreditar, mas é verdade: muitos anos atrás a terra era um jardim maravilhoso.
É que os anjos, ajudados pelos elefantes, regavam tudo, com regadores cheios de água que eles tiravam das nuvens. Esta era a sua primeira tarefa, todo dia.
Se esquecessem, todas as plantas morreriam, secas, estorricadas... Para que isso não acontecesse, Deus chamou o galo e lhe disse:
- Galo, logo que o sol aparecer, bem cedinho, trate de cantar bem alto para que os anjos e os elefantes acordem...
E é por isto que, ainda hoje, os galos cantam de manhã...
Flores havia aos milhares. Todas eram lindas. Mas, infelizmente, todas elas eram igualmente vaidosas e cada uma pensava ser a mais bela.E, exibindo as suas pétalas, umas para as outras, elas se perguntavam, sem parar:
- Não sou a mais linda de todas?Até pareciam a madrasta da Branca de Neve.
Por causa da vaidade, nenhuma delas ouvia o que as outras diziam e nem percebiam que todas eram igualmente belas.Por isso, todas ficavam sem resposta.
E eram, assim, belas e infelizes.
No meio de tanta beleza infeliz, entretanto, certo dia uma coisa inesperada aconteceu.
Uma florinha, que estava crescendo dentro de um botão, e que deveria ser igualmente bela e infeliz, cortou uma de suas pétalas num espinho, ao nascer.
A florinha nem ligou e vivia muito feliz com sua pétala partida. Ela não doía. Era uma pétala macia. Era amiga.
Até que ela começou a notar que as outras flores a olhavam com olhos espantados. E percebeu, então, que era diferente.
- Por que é que as outras flores me olham assim, papai, com tanto espanto, olhos tão fixos na minha pétala...?
- Por que será? Que é que você acha?, perguntou o pai.
Na verdade, ele bem sabia de tudo. Mas ele não queria dizer. Queria que a florinha tivesse coragem para olhar para as vaidosas e amar a sua pétala.
- Acho que é porque eu sou meio esquisita..., a florinha respondeu.
E ela foi ficando triste, triste... Não por causa da sua pétala rachada, mas por causa dos olhos das outras flores.
- Já estou cansada de explicar. Eu nasci assim... Mas elas perguntam, perguntam, perguntam...
Até que ela chorou.Coisa que nunca tinha acontecido com as flores belas e infelizes.
A terra levou um susto quando sentiu o pingo de uma lágrima quente, porque as outras flores não choravam. E ela chamou a árvore e lhe contou baixinho:
- A florinha está chorando. E a terra chorou também. A árvore chamou os pássaros e lhes contou o que estava acontecendo. E, enquanto falava, foi murchando, esticando seus galhos num longo lamento, e continua a chorar até hoje, à beira dos rios e dos lagos, aquela árvore triste que tem o nome de chorão. E das pontas dos seus galhos correram as lágrimas que se transformaram num fiozinho de água...Os pássaros voaram até as nuvens.
- Nuvens, a florinha está chorando. E choraram lágrimas que se transformaram em pingos de chuva... As nuvens choraram também, juntando-se aos pássaros numa chuva enorme, choro do céu.As lágrimas das nuvens molharam as camisolas dos anjinhos que brincavam no céu macio.
E quiseram saber o que estava acontecendo. E quando souberam que a florinha estava chorando, choraram também... E Deus, que era uma flor, começou a chorar também.
E a sua dor foi tão grande que, devagarinho, como se fosse espinho, ela foi cortando uma de suas pétalas. E Deus ficou tal e qual a florinha.
E aquele choro todo, da terra, das árvores, dos pássaros, dos anjos, de Deus, virou chuva, como nunca havia caído.
O sol, sempre amigo e brincalhão, não agüentou ver tanta tristeza. Chorou também. E a sua boca triste virou o arco-íris...
E as chuvas viraram rios e os rios viraram mares. Nos rios nasceram peixes pequenos.
Nos mares apareceram os peixes grandes.
A florinha abriu os olhos e se espantou com todo aquele reboliço. Nunca pensou que fosse tão querida. E a sua tristeza foi virando, lá dentro, uma espécie de cócega no coração, e sua boca se entortou para cima, num riso gostoso...
E foi então que aconteceu o milagre.
As flores belas e infelizes não tinham perfume, porque nunca riam.
Quando a florinha sorriu, pela primeira vez, o perfume bom da flor apareceu.
O perfume é o sorriso da flor. E o perfume foi chamando bichos e mais bichos...
Vieram as abelhas... Vieram os beija-flores... Vieram as borboletas... Vieram as crianças.
Um a um, beijaram a única flor perfumada, a flor que sabia sorrir.
E sentiram, pela primeira vez, que a florinha, lá dentro do seu sorriso, era doce, virava mel...
Esta é a estória do nascimento da alegria. De como a tristeza saiu do choro, do choro surgiu o riso e o riso virou perfume.A florinha não se esqueceu de sua pétala partida.
Só que, deste dia em diante, ela não mais sofria ao olhar para ela, mas a agradava, como boa amiga. Quanto aos regadores dos anjos, nunca mais foram usados.
De vez em quando, olhando para as nuvens, a gente vê um deles, guardado lá dentro, já velho e coberto de teias de aranha...
Enquanto a florinha de pétala partida estiver neste mundo, a chuva continuará a cair e o brinquedo de roda em volta do seu sorriso e do seu perfume não terá fim..

Texto: "A Borboleta Dourada"

A BORBOLETA DOURADA
(Bellah Leite Cordeiro)

De tempos em tempos as borboletas se reuniam no bosque para conversarem, trocarem idéias
e se conhecerem melhor.As borboletas novas se apresentavam à comunidade e as mais velhas
as admiravam por sua beleza e as animavam para o trabalho junto às flores.
Todas tinham a missão de espalhar o pólen e assim levar a beleza a toda parte: às matas,
às florestas, aos bosques e aos jardins.Sentado à porta de sua casa, um velho gafanhoto observava a passagem das borboletas.Todas o cumprimentavam respeitosamente,
pois o velho gafanhoto era tido e realmente era um grande sábio.
Até que, se aproximou dele uma borboletinha bem jovem, inexperiente, e, diga-se de passagem, bastante sem graça...
- Bom dia, senhor Gafanhoto! – disse ela timidamente.
- Bom dia! – respondeu o gafanhoto – Vai à reunião das borboletas pela primeira vez?
- É isso aí! – falou a borboleta insegura – E estou um pouco preocupada... Será que vão gostar de mim? Diga com franqueza: você não me acha meio feiosa, minha cor não ajuda e as minhas asas são grandes demais?
- Não! – respondeu o velho gafanhoto - Cada um é como é! E a aparência das coisas não é muito importante. Cada um se faz bonito ou feio. – acrescentou o gafanhoto com bondade.
Na reunião todas conversavam entre si alegremente. Riam e brincavam, mas nem olhavam para a borboleta dourada. Era como se ela não existisse. Foi a última a deixar a reunião, na esperança de que alguém ainda a visse e falasse com ela. Mas nada!
Ninguém a enxergou ninguém reparou nela.
Quando na volta para casa, passou novamente pela casa do velho e sábio gafanhoto ele perguntou:
- Olá borboletinha, não vem da reunião das borboletas? Então... Que tristeza é essa? Não te trataram bem?
- Pra ser sincera, nem me viram... Ninguém me notou na reunião.
- Ora borboleta, espera aí! Você não é feia como pensa! Falta-lhe um pouquinho de charme... Talvez... Mais isso não é difícil conseguir. Se quiser ouvir os meus conselhos...
-Ah, senhor gafanhoto! Seria um favor! Eu sei, os seus conselhos são maravilhosos!
O senhor já ajudou muita gente a ser feliz!
- Em primeiro lugar, quero saber por que você não usa uma das armas mais poderosas que todos nós possuímos para ser felizes: O SORRISO!
- O sorriso? – perguntou a borboleta espantada.
- Sim, o sorriso ilumina o nosso rosto! Faz a alegria sair de dentro do coração da gente e se espalhar, deixando todos em volta de nós, muito alegres!
- Mas como vou sorrir se eu não estou alegre?
- Ora Borboletinha! Neste mundo não existe ninguém que não tenha um motivo para ficar alegre! É só procurar! Você não acha maravilhoso o fato de poder voar?
- Ah! Isso eu acho mesmo! É legal demais voar por cima de tudo! Fazer piruetas, pousar em qualquer lugar, ir para qualquer parte... É claro! Voar é muito bom mesmo.
- O seu trabalho não é espalhar o pólen das flores para multiplicá-las por toda parte?
- É exatamente esse o meu trabalho!
- Espalhar a beleza por onde passa será esse um trabalho qualquer? Não é maravilhoso fazer isso?
- Pra falar com franqueza, não reparo. Faço o meu trabalho por obrigação!
- Repare então criatura! – tornou a insistir o gafanhoto – Verá que beleza existe em volta de você! Experimente sorrir, seu sorriso será um grande aliado. Pois todo mundo gosta de um belo sorriso! Procure também, fazer as coisas por amor, e não por obrigação!
A borboleta animada agradeceu os conselhos e voou confiante e esperançosa.
Feliz, ela vinha observando a beleza do pôr-do-sol e o vento a brincar com a folhagem das árvores.
- Coisa linda! – pensou – Esse lugar onde moro é realmente uma beleza!
De repente notou que estava sorrindo e sentiu esse sorriso vir do fundo do seu coração.
Estava assim, distraída quando ouviu uma vozinha muito fraca a chamá-la:
- Olá... Borboletinha! Você parece ser tão boa. Poderia ajudar-me? Estou coberta de areia e não consigo livrar-me dela. Você não dará um jeitinho?
Era uma formiguinha já quase sem fôlego a se debater na areia.
- Pois não! – Falou a borboletinha aflita descendo imediatamente para bem perto dela
– Estou aqui para ajudá-la!
- Vi o seu sorriso tão bonito por isso me animei a pedir ajuda. Quem sorri como você, só pode ter um coração cheinho de coisas boas!
Essas palavras da formiga foram as mais lindas ouvidas pela borboleta até aquele dia, e jamais se sentira tão feliz!
Em sua grande alegria a borboleta teve um desejo enorme de cantar e dançar numa revoada de felicidade.
Um besourinho ao passar ao seu lado voando também, falou:
- Como você dança bem! E é linda sabia?
- Obrigada! – respondeu a borboleta meio sem jeito, pois nunca havia sido elogiada antes – Suas asas também são muito bonitas sabe? Cada um é bonito ao seu jeito!
E lá se foi o besourinho alegremente a dançar também, feliz com as palavras da borboleta.
Daí por diante, começou a observar tudo: a relva, as árvores, o céu, as nuvens, a brisa, a chuva, as montanhas ao longe...
Nada mais escapava de sua vista e tudo era importante pra ela.
Encantada, olhava as flores, reparava na beleza de cada uma, conversava com elas e, sem querer, passou a fazer o seu trabalho de todos os dias com um amor enorme brotando em seu coração.
- É incrível mesmo, a diferença de quando se faz tudo com amor!
O tempo foi passando e a borboleta era cada vez mais feliz, pois por onde passava sentia como era querida. Todos a festejavam e a olhavam com grande simpatia.Todo mundo queria conversar, dançar e brincar com essa borboletinha tão gentil, sempre a sorrir para todos.
A sua tarefa diária a borboleta passou a fazê-la muito melhor! É claro! Agora fazia com amor!Afinal, chegou o dia da nova reunião das borboletas.
Muito alegre ela recebeu a notícia.Na data marcada, saiu de casa mais cedo. Queria passar pela casa do gafanhoto antes da reunião, pois desejava agradecer-lhe pessoalmente os conselhos preciosos e quase mágicos. Como algumas poucas palavras boas podem ajudar tanto!
A chegada da borboleta à reunião foi sensacional! Todas pararam para admirá-la.
-Mas que borboleta linda!- diziam.- É dourada! Venham ver!- Parece luminosa! Você é superlegal!Todas a rodearam alegremente, e perguntaram:- Você é uma das novas, não é? É a primeira vez que vem aqui?
- Não! –respondeu ela - Já estive aqui na reunião passada, mas ninguém me notou!
- Não é possível! Você é linda demais! É uma borboleta dourada! Sabe lá o que é ser uma borboleta dourada? Ninguém deixaria de vê-la!
–Essa é uma história muito comprida... Qualquer dia eu conto a vocês. Agora quero me apresentar a todas as borboletas, quero conhecer todas as minhas irmãs, conversar com elas
e se muito amiga da comunidade das borboletas.À tardinha, depois de sair da reunião,
passou novamente pela casa do velho gafanhoto.Desta vez queria fazer-lhe uma pergunta:
- Senhor gafanhoto, diga-me uma coisa: eu mudei de cor?
- Não borboletinha, a sua cor é a mesma...
– Por que então me chamam de borboleta dourada?
- Mas você é uma borboleta dourada! Sempre foi... Apenas a sua beleza estava escondida.
Agora você reflete o seu interior! E é dele que vem a verdadeira beleza: A que sai do coração e se reflete em todo o ser! Por isso você está luminosa e linda! Você agora, é a borboleta dourada mais linda que eu já vi em toda a minha vida!

Texto: "A Zeropéia"




A ZEROPÉIA
(Herbert de Souza – BETINHO)

Ia uma centopéia com suas cem patinhas pelo caminho quando topou com uma barata.
Vendo tantas patinhas num bicho só, a barata ficou boquiaberta:
-Mas Dona Centopéia pra que tantas patinhas? A senhora precisa mesmo delas? Olha, eu tenho só seis e são mais do que suficientes! Posso fazer tudo, correr, trepar nas paredes, me esconder nos buracos. Ninguém consegue me acertar na primeira, nem na segunda chinelada!
- É – respondeu a centopéia -, eu não havia pensado nisso! E olha que tenho essas cem patinhas desde que nasci cinqüenta de um lado e cinqüenta do outro...
- Como à senhora faz quando tem uma coceira? – perguntou a barata - Já imaginou o trabalhão, coçando daqui e dali sem parar? Deve ser um inferno ter tantas patinhas! Por que a senhora não amarra noventa e quatro e fica com seis como eu? Vai ficar muito mais fácil e a senhora vai poder inclusive correr muito mais, como eu.
A centopéia nem pensou e amarrou as noventa e quatro patinhas. Doeu um pouco com todos aqueles nós, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá na frente se encontrou com um boi.
Quando o boi viu a centopéia andando com seis patas ficou intrigado:
- Dona centopéia por que seis patas? Para que tantas? Olhe, eu só tenho quatro e faço o que quero! Corro, participo de touradas, pulo cerca quando quero, sou forte e todo mundo me admira! Por que a senhora não amarra mais duas patinhas e fica com quatro? Vai ficar mais ágil e vai correr tanto quanto eu...
A centopéia amarrou mais duas patinhas. Doeu um pouco, já estava quase dando cãibra,
mas era necessário, e continuou a andar.
Lá mais na frente, já andando com certa dificuldade, a centopéia se encontrou com
o macaco.
Quando o macaco viu a centopéia andando com quatro patas, ficou curioso.
Olhou bem, contou e recontou, e não se conteve:
- Mas... Dona centopéia, por que tanta pata se a senhora pode andar com apenas duas, como eu?Veja como eu faço: pulo de galho em galho, corro, ninguém me pega nesta floresta. Por que a senhora não amarra mais duas patinhas e fica assim, como eu?
A centopéia nem pensou e amarrou mais duas patinhas. Agora só tinha duas patinhas livres, poderia viver em paz, como a maioria dos bichos da floresta, e se parecia até com as pessoas, podia até pensar em ter nome de gente, como Maria ou Florinda.
E continuou a andar, com muita dificuldade, mas tranqüila. Havia seguido todos os conselhos que recebera pelo caminho.Velhos tempos aqueles em que tinha cem patinhas livres!Quanto trabalho à toa! E continuou a andar.
Mas lá na volta do caminho, de repente, viu a dona cobra!
A centopéia sentiu um friozinho na barriga.
- I! – pensou ela – a dona cobra nem patas têm!
Não deu outra. Quando a cobra viu a centopéia com suas duas patinhas, foi logo parando
e dizendo:
- Por que andar com essas duas patas num corpo tão comprido e desajeitado? Será que você não sente que está sendo ridícula andando só com duas patas? E, afinal de contas, pra que patas pra andar? Não vê como eu corro, escapo, ataco, meto medo, serpenteio, subo em árvores e até nado sem patas? Por que não completa a obra e amarra tudo de uma vez?
A centopéia então, amarrou as suas últimas patinhas, pensando que podia ser que nem a cobra. E não podia. Ali mesmo ficou pedindo socorro e gritando por todos os bichos da floresta:- Ei, dona barata, seu boi, seu macaco, dona cobra! Venham me ajudar! Não consigo mais andar! Eu, que tinha cem patinhas, deixei de ser uma centopéia e acabei virando uma zeropéia!A turma da floresta, pra concertar a situação, teve então uma idéia, a de fazer um carrinho bem comprido para a centopéia poder se locomover. A centopéia ia virar a primeira zeropéia motorizada da floresta!
- Mas como é que eu vou dirigir esse carro se não tenho mais patinhas?
Foi um drama! Os bichos foram logo discutindo:
- A barata dirige, pois foi ela quem mandou amarrar noventa e quatro patinhas de uma só vez!
- Não, não, não! Dirige o boi, que mandou amarrar mais duas patas!
- Melhor o macaco, que mandou amarrar mais duas.
- Negativo! Dirige a cobra, que mandou amarrar tudo. Até que a centopéia se deu conta, pensou bem pensado e disse para todo mundo:
- É, gente, a culpa é minha! Eu não devia ter escutado essa conversa fiada de amarrar patinhas! Eu não sou barata, não sou boi, não sou macaco e nem cobra; eu sou é eu mesma, uma centopéia que quase virou uma zeropéia.
A centopéia agradeceu o carrinho, mas, mandou a bicharada desamarrar todas as suas patinhas. E decidiu que o mais importante era ser ela mesma e ter as suas próprias idéias na cabeça...
Após a CONTAÇÃO, muuuuitas mãozinhas
curiosas para "ver" a Centopéia de sucata.


Contando: "A Zeropéia"




A ZEROPÉIA
(Herbert de Souza – BETINHO)


Ia uma centopéia com suas cem patinhas pelo caminho quando topou com uma barata.Vendo tantas patinhas num bicho só, a barata ficou boquiaberta:
-Mas Dona Centopéia pra que tantas patinhas? A senhora precisa mesmo delas? Olha, eu tenho só seis e são mais do que suficientes! Posso fazer tudo, correr, trepar nas paredes, me esconder nos buracos. Ninguém consegue me acertar na primeira, nem na segunda chinelada!
- É – respondeu a centopéia -, eu não havia pensado nisso! E olha que tenho essas cem patinhas desde que nasci cinqüenta de um lado e cinqüenta do outro...
- Como à senhora faz quando tem uma coceira? – perguntou a barata - Já imaginou o trabalhão, coçando daqui e dali sem parar? Deve ser um inferno ter tantas patinhas! Por que a senhora não amarra noventa e quatro e fica com seis como eu? Vai ficar muito mais fácil e a senhora vai poder inclusive correr muito mais, como eu.
A centopéia nem pensou e amarrou as noventa e quatro patinhas. Doeu um pouco com todos aqueles nós, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá na frente se encontrou com um boi. Quando o boi viu a centopéia andando com seis patas ficou intrigado:
- Dona centopéia por que seis patas? Para que tantas? Olhe, eu só tenho quatro e faço o que quero! Corro, participo de touradas, pulo cerca quando quero, sou forte e todo mundo me admira! Por que a senhora não amarra mais duas patinhas e fica com quatro? Vai ficar mais ágil e vai correr tanto quanto eu...
A centopéia amarrou mais duas patinhas. Doeu um pouco, já estava quase dando cãibra, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá mais na frente, já andando com certa dificuldade, a centopéia se encontrou com o macaco.Quando o macaco viu a centopéia andando com quatro patas, ficou curioso. Olhou bem, contou e recontou, e não se conteve:
- Mas... Dona centopéia, por que tanta pata se a senhora pode andar com apenas duas, como eu?Veja como eu faço: pulo de galho em galho, corro, ninguém me pega nesta floresta. Por que a senhora não amarra mais duas patinhas e fica assim, como eu?
A centopéia nem pensou e amarrou mais duas patinhas.

Agora só tinha duas patinhas livres, poderia viver em paz, como a maioria dos bichos da floresta, e se parecia até com as pessoas, podia até pensar em ter nome de gente, como Maria ou Florinda. E continuou a andar, com muita dificuldade, mas tranqüila. Havia seguido todos os conselhos que recebera pelo caminho.Velhos tempos aqueles em que tinha cem patinhas livres!Quanto trabalho à toa! E continuou a andar.

Mas lá na volta do caminho, de repente, viu a dona cobra!

A centopéia sentiu um friozinho na barriga.
- I! – pensou ela – a dona cobra nem patas têm!
Não deu outra. Quando a cobra viu a centopéia com suas duas patinhas, foi logo parando e dizendo:
- Por que andar com essas duas patas num corpo tão comprido e desajeitado?

Será que você não sente que está sendo ridícula andando só com duas patas?

E, afinal de contas, pra que patas pra andar? Não vê como eu corro, escapo, ataco, meto medo, serpenteio, subo em árvores e até nado sem patas?

Por que não completa a obra e amarra tudo de uma vez?

A centopéia então, amarrou as suas últimas patinhas, pensando que podia ser que nem a cobra. E não podia. Ali mesmo ficou pedindo socorro e gritando por todos os bichos da floresta:
- Ei, dona barata, seu boi, seu macaco, dona cobra! Venham me ajudar! Não consigo mais andar! Eu, que tinha cem patinhas, deixei de ser uma centopéia e acabei virando uma zeropéia!
A turma da floresta, pra concertar a situação, teve então uma idéia, a de fazer um carrinho bem comprido para a centopéia poder se locomover.

A centopéia ia virar a primeira zeropéia motorizada da floresta!
- Mas como é que eu vou dirigir esse carro se não tenho mais patinhas?

Foi um drama! Os bichos foram logo discutindo:
- A barata dirige, pois foi ela quem mandou amarrar noventa e quatro patinhas

de uma só vez!
- Não, não, não! Dirige o boi, que mandou amarrar mais duas patas!
- Melhor o macaco, que mandou amarrar mais duas.
- Negativo! Dirige a cobra, que mandou amarrar tudo.
Até que a centopéia se deu conta, pensou bem pensado e disse para todo mundo:
- É, gente, a culpa é minha! Eu não devia ter escutado essa conversa fiada de amarrar patinhas! Eu não sou barata, não sou boi, não sou macaco e nem cobra; eu sou é eu mesma, uma centopéia que quase virou uma zeropéia.
A centopéia agradeceu o carrinho, mas, mandou a bicharada desamarrar todas as suas patinhas. E decidiu que o mais importante era ser ela mesma e ter as suas próprias idéias na cabeça...

Após a CONTAÇÃO, muuuuitas mãozinhas
curiosas para "ver" a Centopéia de sucata.

Texto: "O Patinho que queria falar"



O patinho que queria falar
(Rubem Alves)

Era uma vez um lindo patinho amarelo.
Um dia ele saiu de casa bem cedinho e foi passear na estrada.
A manhã estava clara, o céu azul e havia muitos animaizinhos passeando.
Não tinha ainda dado muitos passos e viu um gato engraçadinho.
O gato que era muito bem educado cumprimentou-o assim:
- Miau, miau!
O patinho ficou encantado e disse:
- Oh! Que modo bonito de falar você tem Senhor Gatinho. Quem me dera falar assim!
- É muito fácil, patinho, respondeu o gato. Vamos experimentar?
O patinho experimentou dizer "miau". Não conseguiu. Experimentou de novo, experimentou muitas vezes! Foi impossível! Então falou:
- É muito difícil, Senhor Gatinho! Isso não é conversa para patinhos!
Despediu-se do gato e continuou a passear.
Foi andando, andando e encontrou-se com Dona Galinha Carijó.
- Có, có, có, disse Dona galinha.
O patinho ficou encantado:
- Oh! Que modo bonito de falar a senhora tem, Dona Galinha! Quem me dera falar assim!
- Experimente falar assim, patinho.
O patinho tentou imitar Dona Galinha. Fez tudo que pôde e nada conseguiu. Depois de algum tempo, já bem desanimado, falou:
- Muito obrigado pela ajuda, Dona galinha, mas isto é muito difícil para patinhos.
Despediu-se de Dona Galinha e continuou o seu caminho.
Andou, andou e entrou na mata. De repente, ouviu a voz mais linda do mundo:
- Piu, piu, piu!...
O patinho ficou encantado! Olhou para cima e lá estava, no galho da árvore,
um lindo passarinho de penas coloridas.
- Que modo de falar bonito você tem, passarinho! Quem me dera falar assim!
- Experimente patinho! Experimente falar assim!O patinho abriu o bico. Fez tudo que pôde para dizer "piu, piu, piu!". Foi impossível. Já estava desanimado. Despediu-se e voltou triste para casa.
No meio do caminho encontrou Dona Pata.
- Quá, quá, quá, disse a pata.
-Oh! Mamãe, disse o patinho será que posso falar como a senhora?
- Experimente filhinho, experimente...
O patinho abriu o bico.
-Que vontade de falar como a mamãe!
E se não conseguisse?... Não falou como gato, nem como galinha, nem como passarinho. Será que poderia falar como pato? Fez um esforço, e...
- Quá, quá, quá... - Muito bem, filhinho! Disse-lhe a mamã pata, toda feliz. O Patinho ficou alegre, muito alegre. Depois, juntinho com a mamãe, voltou para casa e a todo instante, abria o bico para dizer mais uma vez:
- Quá, quá, quá...É bom sentir a Alegria de ser como somos...



Texto: "A Margarida Friorenta"

A MARGARIDA FRIORENTA
(Fernanda Lopes de Almeida)

Era uma vez uma margarida em um jardim.
Quando ficou de noite a margarida começou a tremer.
Ai passou a Borboleta Azul.A borboleta parou de voar.
- Por que você esta tremendo?
- Frio!
- Oh! E horrível ficar com frio! E logo em uma noite tão escura!
A Margarida deu uma espiada na noite.E se encolheu nas suas folhas.
A Borboleta teve uma idéia:
- Espere um pouco! E voou para o quarto de Ana Maria.
-Psiu, acorde!
- Ah? E você, Borboleta? Como vai?
- Eu vou bem. Mas a Margarida vai mal.
- O que e que ela tem?
- Frio coitada!
- Então já sei o remédio. É trazer a Margarida para o meu quarto.
- Vou trazer já. A Borboleta pediu ao cachorro Moleque:
- Você leva esse vaso para o quarto da Ana Maria?
Moleque era muito inteligente e levou o vaso muito bem.Ana Maria abriu a porta para eles.
E deu um biscoito para Moleque.
A Margarida ficou na mesa de cabeceira. Ana Maria se deitou. Mas ouviu um barulhinho.
Era o vaso balançando. A Margarida estava tremendo!
- Que e isso?
- Frio!
- Ainda? Então já sei! Vou arranjar um casaquinho para você.
Ana Maria tirou o casaquinho da boneca. Porque a boneca não estava com frio nenhum. E vestiu o casaquinho na Margarida.
- Agora, você esta bem. Durma e sonhe com os anjos.
Mas quem sonhou com os anjos foi Ana Maria.
A Margarida continuou a tremer. Ana Maria acordou com o barulhinho.
- Outra vez? Então já sei. Vou arranjar uma casa para você!
E Ana Maria arranjou uma casa para Margarida.
Mas quando ia adormecendo ouviu outro barulhinho. Era a Margarida tremendo.
Então Ana Maria descobriu tudo.
Foi lá e deu um beijo na Margarida!!!
A Margarida parou de tremer.
E dormiram muito bem a noite toda.
No dia seguinte Ana Maria disse para a Borboleta Azul:
-Sabe Borboleta? O frio da Margarida não era frio de casaco não!
E a Borboleta respondeu:
- Ah! Entendi!

Ao final da HISTÓRIA, cantamos a música:
"ONDE ESTÁ A MARGARIDA"

"Que Recursos e Materiais usar"




Para Ramos (2003), "a leitura é o meio mais importante para se chegar ao conhecimento.
Não importa a quantidade que lemos, o que importa é com que profundidade chega-se a esse entendimento."É recomendável ser bastante criativo no uso de recursos materiais. Não se prender a certos padrões, mas variar de acordo com o conteúdo da história a ser contada ou apresentada:

1) o velho flanelógrafo (quadro revestido de flanela ou feltro de cor lisa, sobre o qual se fazem aderir objetos ou figuras, fixadas ou removidas segundo as necessidades do ensino) pode ser uma boa opção para ilustrar uma história com vários assuntos e vários simbolismos;

2) transparências, preferencialmente confeccionadas pelas crianças, podem ser outro recurso que desperta interesse e ajuda a fixar a história;

3) slides com figuras da história que está sendo contada, projetados na parede, prendem a atenção das crianças e despertam as fantasias;

4) para pequenas encenações e dramatizações, fantoches e bichos de pelúcia são bons recursos;

5) a massa de modelar pode ser usada pelas crianças para confeccionar figuras da história que acabaram de ouvir, com isso recapitulam e fixam a história;

6) materiais colhidos na natureza e trazidos pelas crianças para ilustrar certos contos de fadas, por exemplo, prendem a atenção e valorizam a sua participação;

7) mudar de ambiente para contar a história da cidade: levar as crianças ao museu, a um cemitério com antigas sepulturas e convidar uma pessoa idosa para falar do passado. Nesse sentido se oferecem muitas possibilidades que devem ser exploradas.

"Como contar HISTÓRIAS"

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O processo de estímulo e incentivo para se contar uma história são inúmeros,
mas sua eficácia depende de como o contador os utilizará. Não há "fórmulas mágicas" que substituam o entusiasmo do contador.
Quem aspira ser um bom contador de histórias, deve desenvolver alguns passos importantes em seus preparativos:


1) a história a ser contada e apresentada deve estar bem memorizada. Por isso, é imprescindível ler a história várias vezes e estar bem familiarizado com cada parágrafo do livro, para não perder "o fio da meada" e ficar procurando algum tópico durante a apresentação;

2) destacar e sublinhar os tópicos mais importantes, interessantes e significativos, para que na apresentação recebam a devida valorização;

3) procurar vivenciar a história. Envolver-se com ela, fazer parte dela e sentir a emoção dos personagens e ao apresenta-la atrair os ouvintes para a magia da história;

4) ao apresentar a história, falar com naturalidade e dar destaque aos tópicos mais importantes com gestos e variações de voz, de acordo com cada personagem e cada nova situação. No entanto, é preciso cuidar para não exagerar nos gestos ou nas entonações de voz;

5) oferecer espaço aos ouvintes que querem interferir na história e participar dela. Quem se sente tocado em seu imaginário sente necessidade de participar ativamente no desenrolar da história. O importante é que nessa hora não haja pressa, contando ou lendo tudo de uma só vez. É preciso respeitar as pausas, perguntas e comentários naturais que a história possa despertar, tanto em quem lê quanto em quem ouve. É o tempo dos porquês;

6) toda história e toda dramatização devem ser apresentadas com entusiasmo e paixão. Sempre devem transparecer a alegria e o prazer que elas provocam. Sem esses componentes, os ouvintes não são atingidos e logo perdem o interesse pelo que está sendo apresentado.
Segundo Abramovich (1993), "o ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo. Afinal, tudo pode nascer dum texto!" A criança, ao ouvir histórias, vive todas essas emoções. Afinal, escutar histórias é o início, o ponto-chave para tornar-se um leitor, um inventor, um criador.

"Não esqueça de deixar um recadinho"

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