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1 de ago. de 2023


                  João de Barro e Joaninha de Birra

                                                         Lydia B. Castardelli

 

Amo essa história, esse livro é muito fininho, tem poucas páginas a ilustração é uma gracinha. Por ser tão fininho, perco ele de vez e quando, daí tive a ideia de postar a história completa aqui no blog. Procurei na internet pelo título do livro, pelo nome da autora, pela editora e não encontrei de jeito nenhum. Acho que esse é o único exemplar, foi editado em 1992, há 31 anos!

ESSA PRIMEIRA PARTE DA HISTÓRIA É DA MINHA CABEÇA. EU TINHA PERDIDO O LIVRO E ESTAVA CONTANDO COMO EU LEMBRAVA.

João de Barro já era um rapaz em idade de se casar. Então, voou, voou e voou até encontrar uma linda árvore onde construiu uma casa aconchegante. Pronto! Agora só faltava uma noiva. Ficou pensando como seria sua noiva. Havia de ser uma boa moça, simples e de coração bom.

Daí ele procurou uma noiva. Até que um belo dia estava ele cuidando do jardim de sua pequena casa, quando viu voando por ali uma Joaninha que era uma graça.

Colheu uma flor ofereceu à moça que aceitou prontamente. Os dois começaram a conversar. João-de-Barro falou de seu desejo de se casar... Mostrou a casa, simples aconchegante, mas a moça achou que aquela casa era pequena demais. João então se propôs a construir outro andar, onde ficariam os quartos.

Então a moça voltou a casa, olhou... Mas não gostou. Ela queria que a casa tivesse um jardim de inverno. João se pôs a construir o tal jardim de inverno... Mas quando Joaninha-de-Birra veio olhar a casa novamente...............

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O João de barro era um pássaro muito ativo e trabalhador. Era muito querido e admirado por todos.

Ele havia construído sua casinha e estava se sentindo muito só. Começou, então, a pensar em casamento, mas entre as fêmeas de seu bando, não havia nenhuma que lhe despertasse o coração. Até que um dia apareceu a Joaninha-de-Birra.

 

Ela era muito bonita, vaidosa, andava com o pescoço cheio de colares, correntinha na pata, brincos pendurados nas penas dos ouvidos.

João de Barro ficou apaixonado! foi amor a primeira vista.

Joaninha era fútil, cobiçava o luxo e o poder, percebeu que João de Barro poderia satisfazer sua vaidade. Quando ele lhe pediu em casamento, aceitou logo, mas foi impondo condições.

- Eu só me casarei se você me der tudo o que eu quiser.

- Pode pedir o que você deseja. Respondeu prontamente o João de Barro.

- Bem, pra começar, eu quero uma casa bem grande, cheia de portas e janelas.

- Mas meu bem, eu já tenho uma casa! Disse João.

- Que nada, aquilo pra mim não é casa. Quero uma casa que desperte a cobiça de todos os pássaros da floresta, disse Joaninha com seu jeito petulante e atrevido de quem não se contenta com nada.

João ficou triste com aquela exigência, mas resolveu não contrariar sua amada. Procurou a mais bela e frondosa arvore que havia na floresta e começou a construir a casa dos sonhos da Joaninha. Com muito trabalho fez três casinhas geminadas. Em cima dessas construiu mais duas e em cima dessas construiu mais uma. Parecia um palácio, cheio de portas e janelas do jeito que Joaninha queria.

Quando Joaninha viu a casa, achou-a bem grande, mas ainda não estava contente. Ela queria mais.

- Você não gostou? Perguntou João de Barro.

- É... a casa é grande, mas eu quero um acabamento melhor. Esse seu acabamento é muito rústico.

João não sabia o que fazer para agradá-la. Voou até a praia e contou o seu problema ao mar. O mar ficou com pena dele e ordenou aos peixes que fossem ao fundo do mar buscar uma sacola de pérolas e as ofereceu ao João de Barro dizendo:

- Este será o meu presente de casamento. Leve essas pérolas e revista seu palácio com elas. Garanto que sua noiva vai gostar.

João agradeceu e voou feliz da vida. Pegou as pérolas e foi colocando uma a uma, deixando uma pequena distância entre elas revestindo, assim, toda a casa. Quando terminou sua obra, sentiu-se orgulhoso e mandou chamar Joaninha para que visse.

- Está mais ou menos, disse ela.

- Mas o que é que está faltando Joaninha? Perguntou ele.

- Está faltando mais brilho. Quero que a noite todos os pássaros da floresta possam ver nossa casa.

João de Barro ficou decepcionado com aquele temperamento egoísta que cobiçava o luxo e o poder. Joaninha não queria que ninguém fosse melhor que ela.

Joaninha foi embora, deixando João no topo da casa, olhando triste para o céu.

Foi então que o céu lhe perguntou:

- João de Barro por que você está tão triste?

João contou-lhe a causa de sua dor. Havia trabalhado tanto, e tudo fora em vão. Joaninha não estava satisfeita.

O céu compadeceu-se dele e disse-lhe:

- O mar deu-lhe as pérolas de presente de casamento, pois eu vou dar-lhe uma chuva de estrelinhas para dar brilho ao seu palácio.

E uma chuva de estrelinhas caiu do céu e se acomodou entre as pérolas. Se a casa de João já era bonita, agora estava lindíssima.

João-de-Barro estava comovido. Agradeceu ao céu e foi buscar sua noiva para ver sua obra.

Joaninha dessa vez ficou encantada. Agora sim ela seria uma rainha, a rainha da espécie dos Joãos-de-Barro.

Beijou seu noivo, mas ainda não estava do jeito que ela queria.

- Podemos nos casar? Perguntou João.

- Não, João, ainda não. Falta uma coisinha.

- O que é? Perguntou o nosso amigo irritado.

- Só falta revestir as paredes internas. Elas não estão combinando com os detalhes externos. Eu quero que você as revista de ouro.

João quase teve um chilique. Ficou com vontade de desistir do casamento, mas Joaninha tanto insistiu, tanto chorou que acabou convencendo-o.

João voou até o rio e contou-lhe o seu drama, o rio acalmou-o disse-lhe:

- Se o mar lhe deu as pérolas e o céu as estrelas, eu posso dar-lhe o ouro em pó de que precisa. E deu-lhe um balde de ouro em pó que estava em seu leito.

Agradecido, João despediu-se e foi revestir as paredes internas do seu palácio.

Todos os pássaros ficaram de bico aberto diante de tanta beleza, pois agora sua noiva iria ficar satisfeita.

De fato, Joaninha ficou encantada e marcou o casamento para o dia seguinte. Casaram-se e foram morar lá.

Mas o pior aconteceu. O brilho das estrelas iluminavam a casa toda e eles não podiam dormir. Durante o dia, o sol entrava pelas portas e janelas, refletiam no ouro das paredes e eles não podiam abrir os olhos. Passaram três dias no maior sufoco.

Joaninha arrependida pediu a João que tirasse aquele ouro de lá. Assim ele fez, mas com as pancadas que ele tinha que dar nas paredes, as pérolas desprenderam-se e as estrelinhas assustadas, fugiram para o céu. E assim, sem o ouro e sem as estrelas puderam dormir sossegados. Mas durante a noite, desabou um temporal e eles tiveram que fugir. O vento derrubou aquela bela casa de três andares. A água da chuva carregou o ouro e as pérolas para o rio. O rio devolveu as pérolas para o mar.

João-de-Barro e Joaninha-de-Birra foram viver naquela casinha que João havia construído antes de casar.

Assim, cada coisa ficou em seu lugar. As estrelas no céu. O ouro no leito do rio e as pérolas no mar. João e Joaninha foram morar na casa de barro igualzinha às casas que Deus permite a todos Joãos-de-Barro. Joaninha recebeu uma lição de que o orgulho e a cobiça não fazem ninguém feliz.

 

Um comentário:

DIDE disse...

Bela história e obrigada por compartilhar. Faço oficina de contação de história, vou trabalhar para meus alunos.