João de Barro e Joaninha de Birra
Lydia
B. Castardelli
Amo essa história, esse livro é muito fininho, tem poucas páginas a ilustração é uma gracinha. Por ser tão fininho, perco ele de vez e quando, daí tive a ideia de postar a história completa aqui no blog. Procurei na internet pelo título do livro, pelo nome da autora, pela editora e não encontrei de jeito nenhum. Acho que esse é o único exemplar, foi editado em 1992, há 31 anos!
ESSA PRIMEIRA PARTE DA HISTÓRIA É DA MINHA CABEÇA. EU TINHA PERDIDO O LIVRO E ESTAVA CONTANDO COMO EU LEMBRAVA.
João
de Barro já era um rapaz em idade de se casar. Então, voou, voou e voou até
encontrar uma linda árvore onde construiu uma casa aconchegante. Pronto! Agora
só faltava uma noiva. Ficou pensando como seria sua noiva. Havia de ser uma boa
moça, simples e de coração bom.
Daí
ele procurou uma noiva. Até que um belo dia estava ele cuidando do jardim de
sua pequena casa, quando viu voando por ali uma Joaninha que era uma graça.
Colheu
uma flor ofereceu à moça que aceitou prontamente. Os dois começaram a
conversar. João-de-Barro falou de seu desejo de se casar... Mostrou a casa,
simples aconchegante, mas a moça achou que aquela casa era pequena demais. João
então se propôs a construir outro andar, onde ficariam os quartos.
Então
a moça voltou a casa, olhou... Mas não gostou. Ela queria que a casa tivesse um
jardim de inverno. João se pôs a construir o tal jardim de inverno... Mas
quando Joaninha-de-Birra veio olhar a casa novamente...............
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O
João de barro era um pássaro muito ativo e trabalhador. Era muito querido e
admirado por todos.
Ele
havia construído sua casinha e estava se sentindo muito só. Começou, então, a
pensar em casamento, mas entre as fêmeas de seu bando, não havia nenhuma que lhe
despertasse o coração. Até que um dia apareceu a Joaninha-de-Birra.
Ela
era muito bonita, vaidosa, andava com o pescoço cheio de colares, correntinha
na pata, brincos pendurados nas penas dos ouvidos.
João
de Barro ficou apaixonado! foi amor a primeira vista.
Joaninha
era fútil, cobiçava o luxo e o poder, percebeu que João de Barro poderia
satisfazer sua vaidade. Quando ele lhe pediu em casamento, aceitou logo, mas
foi impondo condições.
-
Eu só me casarei se você me der tudo o que eu quiser.
-
Pode pedir o que você deseja. Respondeu prontamente o João de Barro.
-
Bem, pra começar, eu quero uma casa bem grande, cheia de portas e janelas.
-
Mas meu bem, eu já tenho uma casa! Disse João.
-
Que nada, aquilo pra mim não é casa. Quero uma casa que desperte a cobiça de
todos os pássaros da floresta, disse Joaninha com seu jeito petulante e
atrevido de quem não se contenta com nada.
João
ficou triste com aquela exigência, mas resolveu não contrariar sua amada.
Procurou a mais bela e frondosa arvore que havia na floresta e começou a
construir a casa dos sonhos da Joaninha. Com muito trabalho fez três casinhas
geminadas. Em cima dessas construiu mais duas e em cima dessas construiu mais
uma. Parecia um palácio, cheio de portas e janelas do jeito que Joaninha
queria.
Quando
Joaninha viu a casa, achou-a bem grande, mas ainda não estava contente. Ela
queria mais.
-
Você não gostou? Perguntou João de Barro.
-
É... a casa é grande, mas eu quero um acabamento melhor. Esse seu acabamento é
muito rústico.
João
não sabia o que fazer para agradá-la. Voou até a praia e contou o seu problema
ao mar. O mar ficou com pena dele e ordenou aos peixes que fossem ao fundo do
mar buscar uma sacola de pérolas e as ofereceu ao João de Barro dizendo:
-
Este será o meu presente de casamento. Leve essas pérolas e revista seu palácio
com elas. Garanto que sua noiva vai gostar.
João
agradeceu e voou feliz da vida. Pegou as pérolas e foi colocando uma a uma,
deixando uma pequena distância entre elas revestindo, assim, toda a casa.
Quando terminou sua obra, sentiu-se orgulhoso e mandou chamar Joaninha para que
visse.
-
Está mais ou menos, disse ela.
-
Mas o que é que está faltando Joaninha? Perguntou ele.
-
Está faltando mais brilho. Quero que a noite todos os pássaros da floresta
possam ver nossa casa.
João
de Barro ficou decepcionado com aquele temperamento egoísta que cobiçava o luxo
e o poder. Joaninha não queria que ninguém fosse melhor que ela.
Joaninha
foi embora, deixando João no topo da casa, olhando triste para o céu.
Foi
então que o céu lhe perguntou:
-
João de Barro por que você está tão triste?
João
contou-lhe a causa de sua dor. Havia trabalhado tanto, e tudo fora em vão.
Joaninha não estava satisfeita.
O
céu compadeceu-se dele e disse-lhe:
-
O mar deu-lhe as pérolas de presente de casamento, pois eu vou dar-lhe uma
chuva de estrelinhas para dar brilho ao seu palácio.
E
uma chuva de estrelinhas caiu do céu e se acomodou entre as pérolas. Se a casa
de João já era bonita, agora estava lindíssima.
João-de-Barro
estava comovido. Agradeceu ao céu e foi buscar sua noiva para ver sua obra.
Joaninha
dessa vez ficou encantada. Agora sim ela seria uma rainha, a rainha da espécie
dos Joãos-de-Barro.
Beijou
seu noivo, mas ainda não estava do jeito que ela queria.
-
Podemos nos casar? Perguntou João.
-
Não, João, ainda não. Falta uma coisinha.
-
O que é? Perguntou o nosso amigo irritado.
-
Só falta revestir as paredes internas. Elas não estão combinando com os
detalhes externos. Eu quero que você as revista de ouro.
João
quase teve um chilique. Ficou com vontade de desistir do casamento, mas
Joaninha tanto insistiu, tanto chorou que acabou convencendo-o.
João
voou até o rio e contou-lhe o seu drama, o rio acalmou-o disse-lhe:
-
Se o mar lhe deu as pérolas e o céu as estrelas, eu posso dar-lhe o ouro em pó
de que precisa. E deu-lhe um balde de ouro em pó que estava em seu leito.
Agradecido,
João despediu-se e foi revestir as paredes internas do seu palácio.
Todos
os pássaros ficaram de bico aberto diante de tanta beleza, pois agora sua noiva
iria ficar satisfeita.
De
fato, Joaninha ficou encantada e marcou o casamento para o dia seguinte.
Casaram-se e foram morar lá.
Mas
o pior aconteceu. O brilho das estrelas iluminavam a casa toda e eles não
podiam dormir. Durante o dia, o sol entrava pelas portas e janelas, refletiam
no ouro das paredes e eles não podiam abrir os olhos. Passaram três dias no
maior sufoco.
Joaninha
arrependida pediu a João que tirasse aquele ouro de lá. Assim ele fez, mas com
as pancadas que ele tinha que dar nas paredes, as pérolas desprenderam-se e as
estrelinhas assustadas, fugiram para o céu. E assim, sem o ouro e sem as
estrelas puderam dormir sossegados. Mas durante a noite, desabou um temporal e
eles tiveram que fugir. O vento derrubou aquela bela casa de três andares. A
água da chuva carregou o ouro e as pérolas para o rio. O rio devolveu as
pérolas para o mar.
João-de-Barro
e Joaninha-de-Birra foram viver naquela casinha que João havia construído antes
de casar.
Assim,
cada coisa ficou em seu lugar. As estrelas no céu. O ouro no leito do rio e as
pérolas no mar. João e Joaninha foram morar na casa de barro igualzinha às
casas que Deus permite a todos Joãos-de-Barro. Joaninha recebeu uma lição de
que o orgulho e a cobiça não fazem ninguém feliz.